terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Diário da tua Ausência

"Afinal, porque te escrevo este diário, quando sinto a cada dia que passa que não vais voltar?(…)

São as palavras que ficam por dizer que mais nos pesam, prisioneiras no nosso descontentamento, aos gritos dentro da nossa cabeça. Preciso de as libertar, preciso de lavar a alma e limpar o coração, mesmo que isso signifique pôr uma pedra em cima daquilo que mais amo e desejo. E para me ver livre delas, revelo-me nestas folhas sem pudor, porque já não tenho nada a perder(…)

Os dias continuam a correr devagar; às vezes sinto que te estou a esquecer, outros tenho a certeza que a ferida nunca vai fechar. Às vezes penso que nunca mais serás uma pessoa próxima.(…)

Tudo o que desejo agora é que me saias da pele como as folhas que caem no Outono, e com esse tapete sob meus pés conseguir caminhar sem pisar as pedras(…)

Existem outros homens à espera de entrar na minha vida. Nenhum me interessa. Ouço-os falar e lembro-me da tua voz. Observo as mãos deles e são as tuas que vejo. Todos os olhos que me tentam prender se perdem no meu vazio, porque em nenhum vejo os teus olhos. São homens que nem sequer têm sentimentos profundos por mim, apenas querem um bocado do meu tempo ou da minha carne.(…)

Tenho muitas saudades tuas. E saudades do tempo em que confiávamos um no outro e sentíamos que estávamos no mesmo barco, porque mesmo longe, queríamos ajudar, proteger e apoiar o outro em tudo, de uma forma incondicional e total, queríamos amar-nos e dar-nos um ao outro. Mas tenho ainda mais saudades de me sentir cheia de amor por ti. Será que não amamos os outros pelo que são, mas por tudo o que nos fazem sentir? Sempre quis ser a pessoa que fui quando estava contigo, tu sabias, sem saber, exaltar o meu lado melhor, mais profundo, mais elevado, mais optimista. Sentia-me bela, segura, serena e perfeita a teu lado.Sentia-me completa, e é na plenitude que se pode encontrar a felicidade.(…)

Nunca vemos o amor chegar; só o vemos a ir-se embora. Estou numa estação de comboios, sentada num banco de pau, completamente só. Perdi o teu comboio e não quero apanhar nenhum outro. Está frio. Um vento seco e cortante faz com que me encolha como um bicho-de-conta. Já não há sonho, já não há dádiva, os dias voltaram a ser cinzentos e tristes. Agora são todos iguais, sempre iguais. Trabalho, respiro, durmo e como o melhor que posso e sei, e tento esquecer-te. Deixei de falar de ti e de dizer o teu nome, deixei de o desenhar no espelho da casa de banho, quando o vapor inunda todas as superfícies. Em vez disso, tenho o coração embaciado de dúvidas e o olhar desfocado pelo absurdo do teu silêncio continuado, o olhar de quem aprende a adaptar-se a uma luz desconhecida, a uma nova realidade.(…)

Até lá, e porque a vida nunca é como a imaginamos, espero por ti sem esperar, sonhando que aquilo que desejo, se for bom para mim e o melhor para o mundo, se realize, e a tua ausência seja apenas uma etapa… (…)

in "Diário da tua Ausência" - Margarida Rebelo Pinto

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Denial

We deny that we're tired, we deny that we're scared, we deny how badly we want to succeed. And most importantly, we deny that we're in denial.
We only see what we want to see and believe what we want to believe, and it works. We lie to ourselves so much that after a while the lies start to seem like the truth. We deny so much that we can't recognize the truth right in front of our faces.
But sometimes... reality has a way of sneaking up and biting us in the ass. And when the dam bursts, all you can do is swim.
The world of pretend is a cage, not a cocoon. We can only lie to ourselves for so long.
We are tired; we are scared, denying it doesn't change the truth. Sooner or later we have to put aside our denial and face the world.
Head on, guns blazing. De Nile. It's not just a river in Egypt, it's a freakin' ocean. So how do you keep from drowning in it?

Meredith Grey: Grey's Anatomy

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

If we knew...

Some say there’s just some kind of sixth sense, when the great beyond is headed for you, you feel it coming.
Whatever it is, it's creepy.
Because if you know, what do you do about it?
Forget about the fact that you're scared out of your mind.

If you knew this was your last day on earth, how would you want to spend it?

Meredith Grey: Grey's Anatomy

sábado, 22 de novembro de 2008

Remember me...


Remember me with smiles and laughter,
for that is how I will remember you all
If you can only remember with tears,
then don't remember me at all.


From Remember Me episode
Little House on the Prairie
Aired November 1975
Michael Landon

domingo, 16 de novembro de 2008

Landmines

We advance, retreat, try to remove all the landmines...And just when you think you've won the battle, made the world safe again. Along comes another landmine...

Some wars result in complete and total victory.
Some wars end with a peace offering.
And some wars end in hope...
But all these wars are nothing compared to the most frightening war of all. The one you have yet to fight.

Meredith Grey: Grey's Anatomy

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

The Youth of the Nation...

Nascidos antes de 1986...
De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípios de 80, não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas, em tinta à base de chumbo que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos.
Não tínhamos frascos de medicamentos com tampas "à prova de crianças", ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas.
Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes.
Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags, viajar à frente era um bónus.
Bebíamos água da mangueira do jardim e não da garrafa e sabia bem.
Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos gasosa com açúcar, mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora.
Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos disso.
Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, para só depois nos lembrarmos que esquecemos de montar uns travões. Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.
Saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer.
Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso.
Não tínhamos Play Station, X Box ou afins.
Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, Chats na Internet.
Tínhamos amigos - se os quiséssemos encontrar íamos á rua.
Jogávamos ao elástico e à barra e a bola até doía!
Caíamos das árvores, cortávamo-nos, e até partíamos ossos mas sempre sem processos em tribunal.
Havia lutas com punhos mas sem sermos processados.
Batíamos às portas de vizinhos e fugíamos e tínhamos mesmo medo de sermos apanhados.
Íamos a pé para casa dos amigos.
Acreditem ou não íamos a pé para a escola, não esperávamos que a mamã ou o papá nos levassem.
Criávamos jogos com paus e bolas.
Se infringíssemos a lei era impensável os nossos pais nos safarem. Eles estavam do lado da lei.

Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre.Os últimos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e ideias novas.Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo.
És um deles? Parabéns!
Passa esta mensagem a outros que tiveram a sorte de crescer como verdadeiras crianças, antes dos advogados e governos regularem as nossas vidas, "para nosso bem". Para todos os outros que não têm idade suficiente pensei que gostassem de ler acerca de nós.
Isto, meus amigos é surpreendentemente medonho... e talvez ponha um sorriso nos vossos lábios.

A maioria dos estudantes que estão hoje nas universidades nasceu em 1986.
Chamam-se jovens.
Nunca ouviram "we are the world" e uptown girl conhecem de Westlife e não de Billy Joel.
Nunca ouviram falar de Rick Astley, Banarama ou Belinda Carlisle.
Para eles sempre houve uma Alemanha e um Vietname.
A SIDA sempre existiu.
Os CD's sempre existiram.
O Michael Jackson sempre foi branco.
Para eles o John Travolta sempre foi redondo e não conseguem imaginar que aquele gordo fosse um dia um deus da dança.
Acreditam que Missão impossível e Anjos de Charlie são filmes do ano passado.
Não conseguem imaginar a vida sem computadores.
Não acreditam que houve televisão a preto e branco.

Agora vamos ver se estamos a ficar velhos:
1. Entendes o que está escrito acima e sorris.
2. Precisas de dormir mais depois de uma noitada.
3. Os teus amigos estão casados ou a casar.
4. Surpreende-te ver crianças tão á vontade com computadores.
5. Abanas a cabeça ao ver adolescentes com telemóveis.
6. Lembras-te da Gabriela (a primeira vez).
7. Encontras amigos e falas dos bons velhos tempos.

SIM ESTÁS A FICAR VELHO

heheheh , mas tivemos uma infância do caraças... Já valeu!!!

(desconhecido... mas sem dúvida com muita cabecinha...)

sábado, 8 de novembro de 2008

Faith... once again

You can have all the faith you want in spirits, and the afterlife, and heaven and hell, but when it comes to this world, don't be an idiot. Cause you can tell me you put your faith in God to put you through the day, but when it comes the time to cross the road, I know you look both ways.

House M.D.

sábado, 1 de novembro de 2008

Escrever é esquecer

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.

A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm.
A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.

Não é o caso da literatura. Essa simula a vida.
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.»

Fernando Pessoa

loucura... ou sensatez...

"Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos."

Carlo Dossi

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Picture of my own


Save me
from this sadness it's coming
or take me
before my smile it's dissolving
wake me
from this nightmare i'm entering
don't let me
fall in the corners of my own
As a tear comes from inside
I feel like i'm gonna drown
and as i'm searching for something
to occupy my mind again
I lay down on my bed
But then a picture of my soul
shows me there's no way instead
Touch me
make me feel i'm alive
or forget me
maybe i would die with time
love me
all i need is a hug
embrace me
'cause times are going too rough
and as i think i'm lost nowhere
i find where i am all alone
and as i'm desperating
slowly just looking at my night without stars
i pray
that someone could call
but then a picture of my own
tells me i'm made to fall
and it's a picture of my own
a picture of my own
a picture of my own
that's making me feel this way
and i'm so sorry babe
it's all so silent here up here here,here...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Bono................ alguns pensamentos



It's stasis that kills you off in the end, not ambition.


My heroes are the ones who survived doing it wrong, who made mistakes, but recovered from them.


To be one, to be united is a great thing. But to respect the right to be different is maybe even greater.


We thought that we had the answers, it was the questions we had wrong.


U2 is an original species... there are colours and feelings and emotional terrain that we occupy that is ours and ours alone.


Bono Vox

sábado, 18 de outubro de 2008

Boundaries...

At some point, you have to make a decision.
Boundaries don't keep other people out. They fence you in.
Life is messy. That's how we're made.
So, you can waste your lives drawing lines. Or you can live your life crossing them.
But there are some lines... that are way too dangerous to cross.

Meredith Grey: Grey's Anatomy

Faith is a funny thing

At the end of the day faith is a funny thing.
It turns up when you don't really expect it. Its like one day you realize that the fairy tale may be slightly different than you dreamed. The castle, well, it may not be a castle. And its not so important happy ever after, just that its happy right now.
See once in a while, once in a blue moon, people will surprise you , and once in a while people may even take your breath away.

Meredith Grey: Grey's Anatomy

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Where the Wild Things Are...

We like to think that we are rational beings; humane, conscientious, civilized, thoughtful. But when things fall apart, even just a little, it becomes clear we are not better than animals. We have opposable thumbs, we think, we walk erect, we speak, we dream, but deep down we are still routing around in the primordial ooze; biting, clawing, scratching out an existence in the cold, dark world like the rest of the tree-toads and sloths.

There’s a little animal in all of us and maybe that’s something to celebrate. Our animal instinct is what makes us seek comfort, warmth, a pack to run with. We may feel caged, we may feel trapped, but still as humans we can find ways to feel free. We are each other’s keepers, we are the guardians of our own humanity and even though there’s a beast inside all of us, what sets us apart from the animals is that we can think, feel, dream and love. And against all odds, against all instinct, we evolve.

Meredith Grey: Grey's Anatomy

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Elogio ao Amor



Há coisas que não são para se perceberem.Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la.

Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro.

Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor,a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.

Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.Amor é amor.É essa beleza.É esse perigo.O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.

O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Vai aonde te leva o coração


Não somos seres suspensos em bolas de sabão, que vagueiam felizes pelos ares; nas nossas vidas há um antes e um depois, e esse antes e esse depois são uma ratoeira para os nossos destinos, pousam-se sobre nós como uma rede se pousa sobre a presa.

O destino possui todo o poder e o esforço da vontade não passa de um pretexto.

Quando o caminho atrás de ti é mais comprido do que o que tens à tua frente, vês uma coisa que nunca tinhas visto antes: o caminho que percorreste não era a direito mas cheio de encruzilhadas, a cada passo havia uma seta que apontava para uma direcção diferente; dali partia um atalho, de acolá um carreiro cheio de ervas que se perdia nos bosques. Alguns desses desvios fizeste-os sem te aperceberes, outros nem sequer os viste; não sabes se os que não fizeste te levariam a um lugar melhor ou pior; não sabes, mas sentes pena. Podias fazer uma coisa e não fizeste, voltaste para trás em vez de seguir em frente.

Sabes qual é o erro que cometemos sempre?
Acreditar que a vida é imutável, que, mal escolhemos um caminho, temos de o seguir até o fim.Contudo, o destino tem muito mais imaginação do que nós...Precisamente quando se pensa que se está num beco sem saída, quando se atinge o cúmulo do desespero, com a velocidade de uma rajada de vento, tudo muda, tudo se transtorna e, de um momento para o outro, damos por nós a viver uma nova vida.Sempre que, à medida que fores crescendo, tiveres vontade de converter as coisas erradas em certas, lembra-te que a primeira revolução a fazer é dentro de nós próprios, a primeira e a mais importante.Lutar por uma ideia sem se ter uma ideia de si próprio é uma das coisas mais perigosas que se pode fazer.

Quando te sentires perdida, confusa, pensa nas árvores, lembra-te da forma como crescem. Lembra-te de que uma árvore com muita ramagem e poucas raízes é derrubada à primeira rajada de vento, e de que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raizes e pouca ramagem. As raizes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e de frutos.

E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te levar.

Susana Tamaro



sábado, 4 de outubro de 2008

Paulo Coelho - Carta ao Presidente Bush

Obrigado, Presidente Bush

Eu escrevi a carta abaixo no dia 9 de março de 2003, dez dias antes da invasão do Iraque. É o meu texto mais lido até hoje: publicado nos maiores jornais do planeta, transformado em corrente na internet, foi lido por cerca de 500.000.000 de pessoas.
A guerra agora entra no seu sexto ano: mais de 4.000 soldados americanos perderam a vida, junto com um número indefinido de iraquianos. Segundo a CNN (24/03/2008), “estimativas colocam as mortes entre 80.000 e centenas de millhares, com 2 milhões de pessoas obrigadas a deixar o país, e mais 2,5 milhões em campos de refugiados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas”.
Grande parte das pessoas que cito já desapareceram de cena, mas a guerra continua. Não existe, no momento, nenhuma luz no final do túnel. A seguir, alguns trechos:

Obrigado, grande líder George W. Bush.

Obrigado por mostrar a todos o perigo que Sadam Hussein representa. Talvez muitos de nós tivéssemos esquecido que ele utilizou armas químicas contra o seu povo, contra os Curdos, contra os Iraquianos. Hussein é um ditador sanguinário, uma das mais claras expressões do mal no dia de hoje.
Entretanto , esta não é a única razão pela qual estou lhe agradecendo. Nos dois primeiros meses do ano de 2003 , o Sr. foi capaz de mostrar muitas coisas importantes ao mundo, e por isso merece a minha gratidão. Assim, recordando um poema que aprendi na infância, quero lhe dizer obrigado.

Obrigado por mostrar a todos que o povo Turco e seu parlamento, não está á venda, nem por 26 bilhões de dólares.

Obrigado por revelar ao mundo o gigantesco abismo que existe entre a decisão dos governantes, e os desejos do povo. Por deixar claro que tanto Jose Maria Aznar como Tony Blair não dão a mínima importância, e não tem nenhum respeito pelos votos que receberam. Aznar é capaz de ignorar que 90% dos espanhóis estão contra a guerra, e Blair não se importa com a maior manifestação pública na Inglaterra nestes 30 anos mais recentes.

Obrigado porque sua perseverança forçou Tony Blair a ir ao Parlamento Inglês com um dossiê falsificado, escrito por um estudante há 10 anos, e apresentar isso como "provas contundentes recolhidas pelo serviço secreto britânico".

Obrigado por enviar Colin Powell ao conselho de segurança da ONU com provas e fotos, permitindo que, uma semana mais tarde, as mesmas fossem publicamente contestadas por Hans Blix, o Inspector responsável pelo desarmamento no Iraque.

Obrigado porque sua posição fez como que o Ministro da Relações Exteriores de França, Sr. Dominique de Villepin, em seu discurso contra a guerra tivesse a honra de ser aplaudido no plenário - honra esta que, pelo que eu saiba, só tinha acontecido uma vez na história da ONU, por ocasião do discurso de Nelson Mandela.

Obrigado porque, graças aos seus esforços pela guerra, pela primeira vez as nações árabes - geralmente divididas - foram unânimes em condenar uma invasão, durante o encontro no Cairo, na última semana de Fevereiro.

Obrigado porque, graças á sua retórica afirmando que " a ONU tem uma chance de mostrar sua relevância", mesmo os países mais relutantes terminaram tomando uma posição contra um ataque no Iraque.

Obrigado por sua política exterior ter feito o Ministro de Relações Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, declarar em pleno século XXI que "uma guerra pode ter justificativas morais" - e ao declarar isso, perder toda a credibilidade.

Obrigado por tentar dividir uma Europa que luta pela sua unificação; isso foi um alerta não será ignorado.

Obrigado por ter conseguido o que poucos conseguiram neste século: unir milhões de pessoas, em todos os continentes, lutando pela mesma ideia - embora esta ideia seja oposta á sua.

Obrigado por nos fazer de novo sentir que, mesmo que nossas palavras não sejam ouvidas elas pelo menos são pronunciadas - e isso nos dará mais força no futuro.

Obrigado por nos ignorar, por marginalizar todos aqueles que tomaram uma atitude contra a sua decisão, pois é dos excluídos o futuro da terra.

Obrigado porque, sem o senhor, não teríamos conhecido nossa capacidade de mobilização. Talvez ela não sirva para nada no presente, mas seguramente será útil adiante. Agora que os tambores da guerra parecem soar de maneira irreversível, quero fazer minhas as palavras de um antigo rei europeu para um invasor: "que sua manhã seja linda, que o sol brilhe nas armaduras de seus soldados - porque durante a tarde eu o derrotarei:"

Obrigado por permitir a todos nós, um exército de anónimos que passeiam pelas ruas tentando parar um processo já em marcha, tomemos conhecimento do que é a sensação de impotência, aprendamos a lidar com ela, e transformá-la.

Obrigada porque não nos escutaste, e não nos levaste a sério. Pois saiba que nós o escutamos, e não esqueceremos a suas palavras.

Obrigado, grande líder George W. Bush.
Muito obrigado

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Time



Time flies.
Time waits for no man.
Time heals all wounds.
All any of us wants is more time.
Time to stand up. Time to grow up. Time to let go.
Time.

Meredith Grey: Grey's Anatomy

Carlos Paião, 20 anos depois...



Carlos Paião nasceu em Coimbra, em Novembro de 1957. Licenciou-se em Medicina, mas nunca exerceu a profissão, enveredando antes por uma carreira no mundo da música. Em 1981, ganhou o Festival RTP da Canção com o tema "Play-Back", que vendeu em Portugal 80.000 cópias. Em 1983, com Cândida Branca Flôr, também incluída neste CD com a canção "Trocas e Baldrocas", alcançou o 2º lugar no referido certame. Na televisão, colaborou com Herman José no programa Hermanias (1984) e anteriormente tinha feito equipa com António Sala e Luís Arriaga em O Foguete. Mais tarde, voltaria a colaborar com Herman José em Humor de Perdição, para o qual compôs "Bamos lá Cambada", e escreveu os textos da personagem Estebes. Compôs para Amália Rodrigues, Herman José ou Cândida Branca Flor.
A 26 de Agosto de 1988 e com apenas 30 anos, a caminho de um espectáculo em Penalva do Castelo, morre em um violento acidente de automóvel, na antiga estrada EN1, actual IC2, perto de Rio Maior. Na altura, surgiu o boato de que na ocasião de seu funeral não estaria morto, mas sim em coma, porém a violência do acidente por si nega o boato, pois a sobrevivência a este seria impossível. No entanto, o boato sobre o artista ter sido sepultado vivo permanece até os dias actuais. Nesta altura, estava a preparar um novo álbum intitulado Intervalo, que acabou por ser editado em Setembro desse ano, e cujo tema de maior sucesso foi Quando as nuvens chorarem.
Compositor, intérprete e instrumentista, Carlos Paião produziu mais de quinhentas canções, tendo sido homenageado em 2003, com um CD comemorativo dos 15 anos do seu desaparecimento - Carlos Paião: Letra e Música - 15 anos depois (Valentim de Carvalho).

20 anos após a sua morte, o legado de Carlos Paião está mais vivo que nunca.
Considerado um dos maiores compositores portugueses, Carlos Paião e a sua música são intemporais, sobrevivendo a diversas gerações, sempre com muita saudade e sucesso. Prova disso são as novas versões de clássicos de Paião por artistas como Rui Veloso, Donna Maria, Mesa, Sam The Kid, Oioai ou The Vicious Five.


Alinhamento do disco:
01. Rui Veloso - Cinderela
02. Tiago Bettencourt e Mantha - Pó de Arroz
03. Donna Maria - Vinho do Porto
04. F - Cegonha
05. Pólo Norte - Eu não sou Poeta
06. Per7ume - Versos de Amor
07. Balla - Não há duas sem três
08. Mesa - Senhor Extraterrestre
09. Loto - Telefonia
10. M.A.U. - Ga-gago
11. Sam The Kid - Playback (Instrumental)
12. 4Taste – Playback
13. Oioai - Discoteca
14. The Vicious Five - Zero a Zero

As primeiras 2 músicas do CD, Cinderela por Rui Veloso e Pó de Arroz por Tiago Bettencourt, já podem ser ouvidas com regularidade na Rádio Comercial.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Don Juan DeMarco

There are only four questions of value in life.
What is sacred?
Of what is the spirit made?
What is worth living for,
and what is worth dying for?

The answer to each is the same: only love.



The best part of Love is losing all sense of reality.


Don Juan DeMarco 1995

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

alegre ou tão triste enfim…


Tem um gosto de acordar
anda aí de rua em rua
antes de ser o luar
é vontade de ser lua
Amanhece e é o sol
adormece e sonha fundo
e tem um coração mole
mas tão grande como o mundo

Tem os olhos cor dos teus
arco-íris de esperança
de ser asa em altos céus
ou um berço de criança

Entristece quando vê
outras guerras, outras penas
mas de nosso quando lê
mais um livro de poemas

E anda aí
alegre ou tão triste enfim…
Estão sem saber o que lhe vão fazer
se pudesse falar
se pudesse mandar
diria apenas
não há tempo a perder

Seu nome é vida
prazer em conhecer


INTÉRPRETE: PEDRO MIGUÉIS
MÚSICA: JAN VAN DIJCK
LETRA: NUNO GOMES DOS SANTOS
ORQUESTRAÇÃO: RAMON GALARZA

Sobre a Amizade...





“Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar - todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.

A amizade vale mais do que a razão, o senso comum, o espírito crítico e tudo o mais que tantas vezes justifica a conversação, o convívio e a traição. A amizade tem de ser uma coisa à parte, onde a razão não conta. Ter um amigo tem de ser como “ter uma certeza”. Num mundo onde certezas, como é óbvio, não há. (…)

Ser amigo sem esforço, sem sacrifício, é ser amigo sem amizade. Gostar das pessoas é fácil. Ser amigo delas não é. Mas as coisas que valem a pena não podem deixar de ter a pena que valem. É pena não se poder ser amigo de toda a gente, mas um só amigo vale mais do que toda a gente. Porquê? Sei lá. Mas vale.”


Miguel Esteves Cardoso

Hope


“I've heard that it's possible to grow up - I've just never met anyone who's actually done it.
Without parents to defy, we break the rules we make for ourselves.
We throw tantrums when things don't go our way, we whisper secrets with our best friends in the dark, we look for comfort where we can find it, and we hope - against all logic, against all experience.
Like children, we never give up hope...”

Meredith Grey: Grey’s Anatomy

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

The most famous blue eyes in movie history...




PAUL NEWMAN
1925 - 2008



Screen legend, superstar, and the man with the most famous blue eyes in movie history.


I had no natural gift to be anything - not an athlete, not an actor, not a writer, not a director, a painter of garden porches - not anything. So I've worked really hard, because nothing ever came easily to me.


I would like it if people would think that beyond Newman, there's a spirit that takes action, a heart, and a talent that doesn't come from my blue eyes.


I'd like to be remembered as a guy who tried - who tried to be part of his times, tried to help people communicate with one another, tried to find some decency in his own life, tried to extend himself as a human being. Someone who isn't complacent, who doesn't cop out.


A man with no enemies is a man with no character


Men experience many passions in a lifetime. One passion drives away the one before it


I'm not able to work anymore as an actor and still at the level that I would want to. I'm just, you know, you start to lose your memory, you start to lose your confidence, you start to lose your invention. So I think that's pretty much a closed book for me.


I picture my epitaph:
"Here lies Paul Newman, who died a failure because his eyes turned brown."







domingo, 28 de setembro de 2008

A partir de que idade é que se pode...

A partir de que idade é que se pode
Voar?

Mijar de pé
Andar à chuva sem se molhar?

Deixar a fralda
Dormir em quarto próprio
Dançar em pontas
Tomar banho sem fazer a digestão?

Atravessar as ruas
Pintar os olhos
Depilar as pernas
Fazer a barba
Usar carteira?

Beber leite das vacas
Fazer o inter rail
Furar as orelhas
Ser baptizado
Beijar nas mãos as mulheres
De quem se gosta?

Mergulhar com botija
Dar serventia aos pedreiros
Desfilar na passerelle
Ser enrabado
Por um cavalheiro amigo?

Ser deixado sem risco
Ao abandono
Ir à Disneylandia de Orlando
Com cruzeiro incluído
Ter telemóvel
Não dormir de tarde
Beber de penalty um traçado?

Fazer testamento de vida?

A partir de que idade é que se pode
Morrer sem que ninguém chore?


(desconhecido)

sábado, 27 de setembro de 2008

Fear of failure...



A couple of hundred years ago, Benjamin Franklin shared with the world the secret of his success. Never leave that till tomorrow, he said, which you can do today. This is the man who discovered electricity.

You think more people would listen to what he had to say. I don't know why we put things off, but if I had to guess, I'd have to say it has a lot to do with fear.

Fear of failure, fear of rejection, sometimes the fear is just of making a decision, because what if you're wrong? What if you're making a mistake you can't undo? The early bird catches the worm. A stitch in time saves nine. He who hesitates is lost. We can't pretend we hadn't been told. We've all heard the proverbs, heard the philosophers, heard our grandparents warning us about wasted time, heard the damn poets urging us to seize the day.

Still sometimes we have to see for ourselves. We have to make our own mistakes. We have to learn our own lessons. We have to sweep today's possibility under tomorrow's rug until we can't anymore. Until we finally understand for ourselves what Benjamin Franklin really meant.

That knowing is better than wondering, that waking is better than sleeping, and even the biggest failure, even the worst, beats the hell out of never trying.


Meredith Grey: Grey’s Anatomy

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Não perdi nada...

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares
(Escritor português, a propósito da perda de sua mãe, a escritora e poetisa Sophia de Mello-Breyner)